quarta-feira, dezembro 14, 2011


Área do Conhecimento: Economia

TÍTULO

Luane Rubim Machado[1]
Hernán Armando Mamani[2]
Universidade Federal Fluminense

INTRODUÇÃO


O presente trabalho visa tratar da economia informal, tendo como eixo de análise, o comércio do centro de Campos dos Goytacazes, sobretudo a partir de 1998. Busca-se conhecer a relação entre Estado, economia e sociedade na configuração dos mercados de trabalho, considerando a complexidade que o termo trabalho informal e economia informal abrigam em sua definição e a questão de a interdependência entre os dois termos, não eliminar o fato de serem fenômenos distintos.
Percebe-se que é elevado o número de trabalhadores informais no Brasil, bem como em toda a América Latina, sendo necessário compreender as relações envolvidas neste processo e as possíveis implicações sobre o mercado de trabalho.Trazendo a discussão para a escala local, pode-se notar que as atividades informais no comércio de Campos, vêm se expandindo cada vez mais.O que torna o centro da cidade um atrativo para consumidores não só de diversos bairros e localidades do município, como também de cidades vizinhas. Tal abordagem é de grande relevância não somente pelas informações e análises que serão disponibilizadas acerca da economia local, mas também pela possibilidade das mesmas estarem contribuindo, para a formulação e implementação de políticas públicas por parte do governo municipal, que venham proporcionar melhorias nas condições de trabalho e segurança dos trabalhadores “informais”.


METODOLOGIA

A pesquisa acerca do tema abordado vem sendo realizada por meio exploratório e pesquisas bibliográficas, baseando-se na leitura de obras referentes à economia, geração de emprego e renda e mercado de trabalho. Sendo feita uma pesquisa documental e estatística com base na construção de um banco de dados, informações e indicadores sobre a economia regional e políticas públicas baseados em notícias da imprensa.
Outro método utilizado refere-se à observação direta e participativa, identificando a localização dos camelôs, as relações, tipo de atividades, produtos vendidos, bem como, grau de legalidade, problemas e conflitos entre os agentes envolvidos.
Cabe destacar ainda a utilização de entrevistas semi-estruturadas e não-estruturada, usando a caracterização das trajetórias ocupacionais, origem, escolaridade, expectativas e relação com o trabalho formal.
            O tratamento dos dados deverá ser feito através de contextualizações e presentificação, bem como análise comparativa. Cabe destacar ainda a utilização da história Oral, que se refere ao uso das entrevistas para recompor trajetórias profissionais de modo a identificar critérios que norteiam a ação e trajetórias ocupacionais táticas e estratégias que a orientam. Tal recurso será de grande relevância, na abordagem que deverá ser feita acerca dos apontamentos históricos e constitutivos do camelódromo, como um espaço de grande fluxo diário no centro de Campos dos Goyatacazes.

RESULTADOS


A partir da análise de dados divulgados pelo IBGE, pôde-se de perceber que a maior parte das empresas informais estão concentradas no sudeste, a composição dos empregados destas empresas se dá a partir de  trabalhadores por conta própria, pequenos empregadores, empregados com e sem carteira assinada e trabalhadores não remunerados. Quanto aos rendimentos, cerca de 93% das empresas informais são consideradas como lucrativas.
No que se refere à escala regional, encontra-se em andamento, a construção de um banco de dados, baseado em informações e indicadores do mercado de trabalho, das políticas públicas  e das relações não-formais de trabalho e produção. Percebe-se uma grande movimentação diária em torno do camelódromo que atrai consumidores locais e de municípios vizinhos. As empresas formais localizadas em seu entorno, possuem preços semelhantes, que podem atender o mesmo público-alvo,o que contribui para formação de um mercado com oferta de produtos e serviços voltados sobretudo para a classe popular, de forma concentrada no centro de Campos, onde um mesmo espaço é dividido entre atividades denominadas “legais” e “ilegais”
Através da construção do banco de dados, baseado em informações da imprensa, pôde-se acompanhar os constantes acontecimentos em torno da dinâmica local no camelódromo, acompanhada da ameaça de remoção dos trabalhadores daquele local, o que vêm ocasionando conflitos e reclamações.

Conclusões

De um modo geral, a economia informal  é tomada como algo “não legal”, que não está devidamente registrada como atividade econômica. No entanto há casos em que a economia formal abre postos de trabalho informais, como acontece com algumas empresas registradas, em que parte de seus trabalhadores não possuem carteira assinada.
A partir da década de 80, o tema veio sendo discutido numa análise que ultrapassa a esfera puramente econômica. Parte-se de uma abordagem de todo o contexto que envolve a reestruturação produtiva, globalização e neoliberalismo. Muitos estiveram sendo desempregados pela indústria, porém, não se formava mais o exército industrial de reserva, os trabalhadores não seriam absorvidos novamente. Seu trabalho seria substituído pelas diversas inovações tecnológicas que estariam otimizando a produção. Assim, o setor economia ou trabalho “informal”, passa a ser tratado como fator de desenvolvimento, gerador de trabalho e renda, diante da flexibilização e liberalização da legislação trabalhista. A informalidade passa a ser vista como conseqüência da regulação/desregulação estatal.
Dentro da dinâmica do trabalho informal em Campos, percebe-se uma série de estratégias desenvolvidas visando a promoção de lugares e atração de investimentos.Há uma grande competitividade e a ela impõe-se também a geografia, ocasionando uma guerra de lugares, através da promoção e da super produção de oportunidades econômicas.Sendo assim, torna-se relevante indagar qual seria a relação do comércio com  todo esse processo, para assim identificar a maneira como as políticas públicas podem estar intervindo.
No período anterior ä década de 1980 o trabalho informal era visto de forma negativa, como uma estratégia de sobrevivência,causada sobretudo pelo desemprego e pobreza.Cabe acrescentar o fato de ser considerado na época uma área de atuação que não exigia qualificação para ser exercida.No entanto, a partir de 1986, a economia informal é positivada e passa a ser vista como meio de geração de renda. Conforme explica Tavares (...) tudo é produzido pelo mercado. Até mesmo os serviços públicos devem cumprir a lógica da eficiência, mas, de modo antagônico, diversas instituições internacionais, como o Banco Mundial e o FMI tem apresentado um interesse pela economia informal, chegando a recomendar sua expansão como uma ação complementar ä assistência.Assim, o “ïnformal” não é mais visto como atraso.
Pode-se considerar que a proliferação da economia informal é efeito de uma modernização técnica e econômica, com efeitos sócio-espaciais diferenciados, tal como pode ser observado no centro de Campos dos Goytacazes onde o comércio vem se expandindo numa dicotomia constante entre geração de renda e ilegalidade.




[1] Departamento de Fundamentos de Ciências da Sociedade/ UFF
[2] Prof° Orientador. Departamento de Fundamentos de Ciências da Sociedade / Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional./ UFF

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